Mateus, Marcos, Lucas e João traz quatro diferentes versões da trajetória “daquele que veio nos salvar”, cada uma escrita por um dos personagens do título. Mas não, o salvador não é Jesus Cristo, mas sim um creme anticelulite. E, claro, os quatro também não são seus homônimos evangelistas.
O texto, porém, não se resume a uma paródia de passagens do Novo Testamento: terminados os quatro relatos sobre o revolucionário produto, tem início outra narrativa ficcional que gira em torno dos quatro personagens para — flutuando entre o satírico e o melancólico — desenhar um retrato pouco edificante dos sonhos e ambições contemporâneas.
Assim como nas bíblias medievais, o projeto gráfico do livro é opulento e complexo, transformando a parte gráfica num elemento narrativo tão importante quanto o texto. A capa em alumínio é adornada por bijuterias coladas manualmente e o miolo é preenchido com versões contemporâneas das capitulares historiadas medievais onde, ao invés de cenas bíblicas, surgem imagens de pessoas trabalhando, trânsito congestionado, fast food, armas e celulares, que carregam o mesmo tipo de “efeito hipnótico” de suas fontes de inspiração.
The text, however, is not merely a parody of passages from the New Testament: once the four accounts of the revolutionary product have ended, another fictional narrative begins that revolves around the four characters — floating between the satirical and the melancholic — to draw a unedifying portrait of contemporary dreams and ambitions.
As in medieval bibles, the graphic project of the book is opulent and complex, transforming its graphic content into a narrative element that is as important as its textual one. The metal cover is adorned with imitation jewels that have been glued on manually, and its pages are filled with contemporary versions of medieval historiated initials, which, instead of biblical scenes, show pictures of people working, traffic jams, fast food, weapons and cell phones, — all of which carry the same “hypnotic effect” as their sources of inspiration.